segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Medos

O calor daquele dia era diferente, o suor provocado por ele a fazia sentir necessidade de se purificar, sentia-se estranha, pesada, como se algo de ruim a assombrasse.
O medo a perseguia, medo do desconhecido, medo de mentes maldosas por muitas vezes desinteressadas, porém carregadas de desejos ruins.
Não tinha inimigos, não declarados e talvez por isso se sentisse tão desprotegida.
As notícias dos jornais a assustavam, o mundo estava cada vez mais transformado, mais violento, mais desumano.
Refletiu por um pequeno espaço de tempo e viu que também não havia sido caridosa como deveria, entretanto não havia plantado o mau, apesar de ter desejado algumas vezes isso, mas num instinto de defesa, isso era certo.
Sua espiritualidade não foi abalada por mais que tenha sido prejudicada, mal tratada; mantinha sua esperança e fé, acreditava que algo maior e mais forte a compensaria no final.
Resolveu então banhar-se e purificar-se, a crença de que o mau não a atingiria faria com que ela se fortalecesse. Pensou em perdão, em resgatar o amor e compaixão que seu coração sempre guardou, mas ela não era mais tão ingênua, por isso estaria sempre alerta, atenta, pesaria mais suas palavras antes de dizê-las para não provocar a ira de terceiros. Sabe, entretanto, que na sua espontaneidade e sinceridade nem sempre conseguiria e com isso se veria em maus lençóis por conta de uma simples brincadeira e que seria repreendida mais tarde, mas ainda assim tentaria, afinal tem consciência do quanto é sábio aquele que mais ouve do que fala e ela almeja alcançar tamanha sabedoria.

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